terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Excursão a Lisboa


"Os trabalhadores da administração pública vão manifestar-se na sexta-feira, em Lisboa, para reivindicar a reposição das 35 horas de trabalho semanal nos serviços do Estado. O protesto, convocado pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, vai decorrer entre a Praça do Príncipe Real e o Ministério das Finanças, em Lisboa, a partir das 14h30, segundo informação divulgada hoje pela estrutura sindical.
Na origem desta ação de luta está a aplicação das 40 horas de trabalho semanal no Estado, pelo atual Governo, e que os trabalhadores e sindicatos contestam. Os trabalhadores vão, assim, exigir ao executivo a reposição das 35 horas de trabalho semanais na função pública. (...)"


A sério piquenos, para que é que se dão ao trabalho?
Quer dizer, nem preciso de perguntar porque é que se dão ao trabalho de vir a Lisboa fazer uma manifestação porque, em boa verdade, estou careca de saber.
Confessem lá!
Acusem-se lá!
Quantos de vós, não querem aproveitar a boleia da excursão a Lisboa?
Ainda por cima, desta vez, o percurso para a manif é estupendo para virem às compras: entre o Príncipe Real e o Terreiro do Paço (com o Chiado e a Baixa toooooda pelo caminho), houve alguém a planear bem isto, hein!?
Agora juntando-lhe o facto da manifestação estar convocada para uma sexta-feira... Seus grandes brincalhões! Foi uma coincidência irem passear para a Baixa a uma sexta-feira, digam lá! Só pode!




Agora a sério, queridos. Ainda gostava que alguém me explicasse porque é que nos dias de manifestações, os trabalhadores que quiserem ir, têm dispensa do dia de trabalho, sem redução no vencimento, mas quando há greves gerais - onde verdadeiramente se pode lesar o Estado fazendo paragens em todos os serviços a nível nacional - não só não estamos dispensados de comparecer no local de trabalho, como ainda, quem ousar faltar (grevar, portanto, um direito que nos assiste) leva um rombo no vencimento. Não seria uma tareia maior o Estado ter de nos pagar os dias em que fazemos, justamente, greve mas sem que haja sequer serviços mínimos? Isso sim, lhes dava um rombo na carteira e na moral. Assim, tenho para mim, que ainda se ficam é a rir de nós. Destes tontos que vêm passear à capital, gastar uns trocos nuns lanches e nuns almoços, comprar uma lembrança para a netinha, e comprar uns bilhetes de metro ou de eléctrico. Isso sim, dá muito mais jeito ao Estado. Estou só a dizer... 
Ainda assim gostava que alguém me explicasse isto com mais juízo do que aquele que eu lhe ponho.
E também gostava que alguém me dissesse quando é que uma manifestação serviu para mudar alguma coisa (o 25 de Abril não vale). É que apesar dos meus 236 anos de casa... não me lembro de nenhuma.

E já agora... Que diferença faz, para quem realmente trabalha e cumpre um horário, fazer mais 5 horas por semana? Alguém me diz? Mas dêem-me uma justificação com pés e cabeça e não daquelas que sejam fáceis de rebater. 
É que até ver só me vem uma à cabeça: haverá trabalho para mais 5 horas semanais, ou estamos apenas a obrigar os FP's a passar mais 5 horas por semana no Facebook?
Ai, ai... ainda ninguém percebeu que mais não quer dizer melhor, pois não?

Digam-me lá de vossa justiça:
Acham as manifestações uma forma útil de reivindicação?
O que representa na vossa rotina familiar e profissional mais 5 horas de trabalho semanais?



Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica

16 comentários:

  1. Se as manifestações são uma forma eficaz de protesto? Depende. Houve tempos em que fui a algumas. Se tiveram resultados? Penso que, de alguma forma, abalaram, contribuíram para corroer... Há já muito que não vou. Falta de motivação? Não lhes encontrar grande utilidade? O descrédito das causas? Porque também já não acredito em grandes causas. Aquelas em que acreditei afinal não o eram. Sou mais feliz agora? Não sei, talvez seja mais serena, mas não sei se isso é bom ou mau!

    Quanto ao espírito excursionista dessas manifestações que refere no seu post, acho-o horroroso, mas sei que é assim.

    Relativamente às quarenta horas de trabalho,assumi que estava a ser irónica, só assim posso entender. Cortar salários, cortar subsídios e aumentar o horário de trabalho não dá certamente felicidade a ninguém.

    Maria.

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    1. Diga lá que os senhores lá de cima não têm um sentido de humor insano? Mais horas por menos dinheiro, é irresistível, não é?
      Maria, por aqui conte com tudo, sobretudo com ironias, muitas, porque no fundo acho que o que se anda a passar só pode ser mesmo o fim do mundo em ironias.

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  2. Por acaso mais uma hora por dia no serviço, representaria menos uma hora com o meu filho, todos os dias, mas eu não sofri com isso do aumento do número de horas semanais, de qualquer modo acho que a nivelar seria um ponto intermédio entre publico e privado. Quanto ao resto, acho mais um dos problemas do nosso país é fazermos muitos passeios pela baixa e muito poucas manifestações de descontentamento.

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    1. Sabe como é que costumo dizer? Até posso querer essa hora por dia para dormir a sesta. Não tem que ver com isso. Continuo a dizer que o trabalho se mede em qualidade e não em quantidade e tenho uma convicção, relativamente firme, de que não se irá fazer mais pelo país por causa de 5 horas semanais. O que faz andar o país é a vontade de trabalhar. E quem não a tem, com certeza não a irá fazer nascer só porque tem mais 1 hora por dia para brilhar.

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  3. Anda tudo de pernas para o ar.


    tarasemanias.pt

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  4. Minha cara, deve estar a falar do que não sabe. Ninguém se importa de trabalhar mais. A questão aqui é que nos tiraram tempo à família e que este horário não era o previsto aquando das funções exercidas, logo, estamos a ganhar menos, com cortes e o aumento do horário, é fazer as contas, como dizia o outro. Contudo, acho que está a falar do que não conhece, sabe, aqueles funcionários que não têm horários e trabalham horas a fio, tipo nos hospitais e afins, em que pode vir a precisar, tá a ver? Não cuspa para o ar e esse ressabiamento todo é porquê, não foi selecionada num concurso público, foi...?

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    1. Minha cara, se soubesse quão bem eu sei do que estou a falar, mas quão bem...
      Não há ressabiamento nenhum nisto e sei que com o tempo irá compreender o que estou aqui a fazer.
      Vejo que é uma pessoa como eu, que não aguenta mais as provações a que nos sujeitam.
      E, pessoalmente, enfurece-me ainda mais que, a somar a isso, sejamos diariamente alvo de ódios dos restantes portugueses.
      Não há ressabiamento nenhum nisto, uso apenas a ironia para chegar à mesma conclusão a que a minha cara chega diariamente.
      Já agora, fiquei sempre em primeiro, não acha que tenho ainda mais razões para me indignar?
      Não acha que ser considerava a melhor por diversas vezes e ter um tratamento idêntico ao que se dá aos piores, é o suficiente para me vir aqui desbocar?
      Bem vinda!
      Sei que virá mais vezes ler coisas que não gosta por serem tão duramente reais.

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    2. Anónimo das 19:47, está pouco atento aos comentários e às respostas da FP. Na resposta ao meu comentário, ela confirmou que estava a ser irónica, por isso não é necessária tanta raiva.

      Maria.

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  5. Eu sinceramente acho que 5 horas a mais vão representar 5 horas a gastar energia! Não se vai trabalhar mais e ainda se vai é ter mais gastos. Falo pela realidade que conheço, obviamente...

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    1. Não podia estar mais de acordo.
      Vai-se gastar mais energia e papel higiénico, pela realidade que conheço, obviamente :)))))

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  6. O que se coloca nem são as 5 horas a mais de trabalho. A injustiça começa quando o horário é de 40 horas semanais para a população em geral e 35 para os FP. Porque é que os FP se podiam reformar mais cedo? Porque é que sempre tiveram mais dias de férias? Engraçado é quando se pergunta isto a um FP e ele invariavelmente responde que no privado se ganha por fora e se tem carro da empresa. O quê? Digam isso aos empregados fabris!!! E acreditando que ALGUNS funcionários do privado possam ter beneficios, o que vejo é que TODOS os FP têm regalias muito acima da média do cidadão português.

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    1. Gostava mesmo que me explicassem com exatidão e precisão quais são essas extraordinárias regalias que tantos ódios e invejas provocam... A ignorância é terrível: tolda o entendimento, a objetividade, tolda tudo, em suma! Gostaria tanto que as pessoas tivessem um discurso coerente, pessoal e não repetissem à exaustão os mesmos chavões mais do que gastos.

      Maria.

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    2. Se vivêssemos num mundo justo ganhávamos todos o mesmo e pelo topo da tabela, mas não é assim, por isso não compreendo e não faço comparações com outras profissões.
      Em todo o caso, acredito que quem investe na sua formação académica durante anos a fio e com custos elevados a todos os níveis, deve ter o seu retorno. Não sei qual é o seu caso mas, numa percentagem significativa, os operários fabris têm baixa escolaridade e as responsabilidades que lhe são imputadas também são muito diferentes de quem alcança posições elevadas. Não é o meu caso, mas consigo entender que quem fez mais pela vida que eu também terá melhor que eu. Mas isto dava pano para mangas.

      Sabe onde começa a justiça: em ter um contrato para 35 horas semanais e quererem alterá-lo unilateralmente (é ilegal). A somar a isso, acresce o facto de me aumentarem as horas de serviço por uma redução de vencimento (chama-se exploração). Acha justo?

      Os trabalhadores do sector privado perderam no ano passado cerca de 11% do poder de compra. Os FP's... 23%.
      Temos os mesmo dias de férias, não se iluda, e não conheço quaisquer regalias, por isso até gostava que me dissesse quais são. A progressão na carreira está congelada por isso não há aumentos nem mudança de cargo. Quer mais alguma coisa?

      Só para terminar: sabia que o nível de vida dos FP's está ao nível da qualidade de vida da população portuguesa antes de 1974 (não sei se a data lhe diz alguma coisa). Passados 40 anos, vivemos abaixo das possibilidades de quem vivia na década de 60.

      Quer vir trabalhar connosco?

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  7. Funcionários públicos se estão assim tão mal mudem-se para o privado e depois vão fazer greves e manifestações!!!

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    1. Olhe, isto é como as conversas de mamas.
      Eu, como as tenho pequenas, tenho pena que sejam pequenas mas não ando sempre a invejar quem tem mamas maiores. Só tenho pena que as minhas sejam como são.
      Mas as das mamas grandes parece que gostam de humilhar quem tem as mamas pequenas. Não obstante terem mamas maiores, ainda gostam de rir de quem as tem pequenas. É aquele humilhaçãozinha que não se sabe de onde vem nem que prazer dá.
      Não sei se está a compreender a metáfora, em todo o caso eu explico: Nós, FP's, nem pensamos no sector privado apesar deste ter as suas vantagens, mas o privado, apesar de estar sempre a falar mal do público, parece que não conseguem deixar de nos invejar.
      Pergunto-lhe eu: é dos que tem mamas grandes ou mamas pequenas?

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