sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Os FP' e os CD's



Na Era em que tudo tem de ser desmaterializado e informatizado, ser FP pode ser um verdadeiro drama:

- Maria Bernardete, digitalize-me imediatamente estes documentos todos!


- Todos, Senhora Dona Chefe?


- Sim, todos!


- Mas... mas isto traz um CD no meio... também digitalizo o CD?


- Maria Bernardete, nem lhe respondo!!!



Dois dias volvidos...

- Maria Bernardete, já digitalizou o que eu lhe pedi?

- Já sim. Está tudo oooook!


Fui ao mail, abri o ficheiro PDF e, lá pelo meio, encontrei o impensável:






Eu não aguento mais.


Maria Bernardete, fez o que achou que queria dizer o "nem lhe respondo". 
(Maria Bernadete, a dar tiros nos pés da Função Pública desde 1987)


Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Por ti, fazia das Tsipras coração



Desculpem-me vir-vos aborrecer com um assunto tão terrivelmente mundano:

Mas serei a única que tem vontade de fazer bebés com o Alexis Tsipras?
Ai credo, que me encho de calores.
Não sei se é do ar autoritário naquela figura de agente secreto, se é aquela virilidade toda, mas Deus Santo Nosso Senhor!!!


E quanto mais leio mais hormonalmente alterada fico.
Já não me sentia assim desde que fiquei sem o 13º mês.

http://www.publico.pt/economia/noticia/tsipras-nao-recua-no-desafio-a-europa-e-os-mercados-assustamse-1684301




Pai Nosso, que estais no céu,
Para quando um Primeiro-ministro assim?


Sempre pronta para vos servir,

A Funcionária Púbica



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Excursão a Lisboa


"Os trabalhadores da administração pública vão manifestar-se na sexta-feira, em Lisboa, para reivindicar a reposição das 35 horas de trabalho semanal nos serviços do Estado. O protesto, convocado pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, vai decorrer entre a Praça do Príncipe Real e o Ministério das Finanças, em Lisboa, a partir das 14h30, segundo informação divulgada hoje pela estrutura sindical.
Na origem desta ação de luta está a aplicação das 40 horas de trabalho semanal no Estado, pelo atual Governo, e que os trabalhadores e sindicatos contestam. Os trabalhadores vão, assim, exigir ao executivo a reposição das 35 horas de trabalho semanais na função pública. (...)"


A sério piquenos, para que é que se dão ao trabalho?
Quer dizer, nem preciso de perguntar porque é que se dão ao trabalho de vir a Lisboa fazer uma manifestação porque, em boa verdade, estou careca de saber.
Confessem lá!
Acusem-se lá!
Quantos de vós, não querem aproveitar a boleia da excursão a Lisboa?
Ainda por cima, desta vez, o percurso para a manif é estupendo para virem às compras: entre o Príncipe Real e o Terreiro do Paço (com o Chiado e a Baixa toooooda pelo caminho), houve alguém a planear bem isto, hein!?
Agora juntando-lhe o facto da manifestação estar convocada para uma sexta-feira... Seus grandes brincalhões! Foi uma coincidência irem passear para a Baixa a uma sexta-feira, digam lá! Só pode!




Agora a sério, queridos. Ainda gostava que alguém me explicasse porque é que nos dias de manifestações, os trabalhadores que quiserem ir, têm dispensa do dia de trabalho, sem redução no vencimento, mas quando há greves gerais - onde verdadeiramente se pode lesar o Estado fazendo paragens em todos os serviços a nível nacional - não só não estamos dispensados de comparecer no local de trabalho, como ainda, quem ousar faltar (grevar, portanto, um direito que nos assiste) leva um rombo no vencimento. Não seria uma tareia maior o Estado ter de nos pagar os dias em que fazemos, justamente, greve mas sem que haja sequer serviços mínimos? Isso sim, lhes dava um rombo na carteira e na moral. Assim, tenho para mim, que ainda se ficam é a rir de nós. Destes tontos que vêm passear à capital, gastar uns trocos nuns lanches e nuns almoços, comprar uma lembrança para a netinha, e comprar uns bilhetes de metro ou de eléctrico. Isso sim, dá muito mais jeito ao Estado. Estou só a dizer... 
Ainda assim gostava que alguém me explicasse isto com mais juízo do que aquele que eu lhe ponho.
E também gostava que alguém me dissesse quando é que uma manifestação serviu para mudar alguma coisa (o 25 de Abril não vale). É que apesar dos meus 236 anos de casa... não me lembro de nenhuma.

E já agora... Que diferença faz, para quem realmente trabalha e cumpre um horário, fazer mais 5 horas por semana? Alguém me diz? Mas dêem-me uma justificação com pés e cabeça e não daquelas que sejam fáceis de rebater. 
É que até ver só me vem uma à cabeça: haverá trabalho para mais 5 horas semanais, ou estamos apenas a obrigar os FP's a passar mais 5 horas por semana no Facebook?
Ai, ai... ainda ninguém percebeu que mais não quer dizer melhor, pois não?

Digam-me lá de vossa justiça:
Acham as manifestações uma forma útil de reivindicação?
O que representa na vossa rotina familiar e profissional mais 5 horas de trabalho semanais?



Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica

Apresento-vos a Maria Bernardete



Maria Bernardete, que gostava de ser Doutora mas nem somar 1+1 sabe, vem, uma vez mais, incomodar quem trabalha:


- Senhora Doutora Chefe, importa-se de escrever aqui no dossier quantos metros são?

- Oh Maria Bernardete, mas você está a brincar comigo? Agarre numa régua, que há-de ser igual à minha, e meça você!

- Mas, mas... Oh Senhora Doutora Chefe, é que se a conta ficar mal feita pelo menos não fui eu, percebe?

- ?

- Vá, faça lá a conta e escreva aqui num cantinho com a sua assinatura.

- (F*da-se que é burra!) Oh Maria Bernardete que seja a última vez que perde, e me faz perder, tempo para calcular 3x4!

- Obrigada Senhora Doutora Chefe. Está a ver que não lhe custou nada.


Quem nasceu para lagartixa nunca há-de chegar a jacaré.
E não é por não saber fazer a conta, é por não se chegar à frente por uma merda tão simples.
Querem o quê? Ganhar mais? Ter cargos de mais responsabilidade? Ser tratados com respeito?

AHAHAHAHAHHA, tontas!




Entre esta avantesma pensar e repensar, subir e descer escadas, manter este diálogo surreal, fazer-me fazer a conta de cabeça e despachá-la, estiveram dois FP's a perder 10 minutos do seu tempo nisto.
Quantos 10 minutos se perdem todos os dias em tooooodos os locais da Administração Pública?
Estamos bem perdidos, queridos!
Estamos, estamos...


Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica




domingo, 25 de janeiro de 2015

2211 dias... de férias



Esta notícia é das coisas mais divertidas que li nos últimos anos. Décadas disto e nunca tinha visto nada tão fantástico, nada tão genial, como este esquema saído da cabeça de um FP. Esta querida de que a notícia fala, é a verdadeira razão para se generalizar a opinião sobre os FP's. Até eu me ponho a pensar se há algum FP que se aproveite, por Cristo!
Vejam bem isto:


"Não minto, veio no jornal. Uma funcionária do Hospital de S. João trabalhou 101 dias nos últimos 7 anos. Como é que esta "assistente operacional" conseguiu tamanha proeza? Através de sucessivas baixas médicas. Entre 2005 e 2012, a senhora esteve 2211 dias com baixa médica. Estes 2211 dias de pausa foram intercalados, ora essa, por períodos de férias e por curtos períodos de trabalho. E agora reparem no pormenor: na maioria das vezes, estes "períodos de trabalho" não superaram as 24 horas. Ou seja, a senhora está de baixa, aparece um dia e volta à baixa no dia seguinte. Não, não é uma rábula dos Gatos Fedorentos, é um facto. Ora, só há aqui duas hipóteses: ou estamos perante alguém que merece já a pensão de invalidez, coitadinha, ou estamos perante alguém que está a gozar com a cara de toda a gente. Se a verdade recair sobre a segunda hipótese, estaremos perante um caso que eleva à comédia uma prática típica da pátria: as férias garantidas pelo atestado médico. E, neste ponto, convém frisar que a fraude não será apenas da funcionária, mas também do médico amiguinho.
Há uns tempos, a Administração suspeitava de fraude e pensava em apresentar uma queixa-crime contra a funcionária. Queixa-crime? Por que razão a Administração do S. João não faz uma coisa mais simples, como, por exemplo, um processo de despedimento? Ou será que os "direitos adquiridos" também protegem uma pessoa que trabalha 100 dias em 7 anos?"

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-funcionaria-publica-que-trabalhou-100-dias-em-7-anos=f775265#ixzz3PSck4bco



Ora bem, eu não vou acrescentar nada ao que está tão, boquiabertamente, escrito. E quem escreveu tem toda a razão no que diz: se está assim tão mal, reformem já esta mulher. Coitada! Uma tonta! Além de ser, supostamente, doente, também é burra e não se deve dar trabalho a gente burra e que não sabe levar um esquema até ao fim. E pior que uma FP aldrabona e pouco esperta é ter dois FP's assim piquenos e tristes. Sim, porque ao que me parece o médico que lhe passava os atestados também poderá ser FP. Como costumo dizer, nem amigos de nós próprios somos.
Mas o que me fez revirar os olhinhos quando li esta notícia, não foi só a falta de esperteza, foi o facto de conhecer, vá, digamos, uma meia-dúzia de casos assim no sítio onde trabalho. E se onde trabalho também há disto, imagino que seja assim em todo o lado.
Desde uma piquena que meteu baixa por ter um fungo nas unhas das mãos (é assim que Deus castiga quem vai fazer nails de plástico a barracões de fundo de quintal), a outra querida que não conseguia trabalhar (entenda-se fechar envelopes com cuspo e meter carimbos... uma canseira) porque entalou um dedo numa gaveta, a outro que não meteu os cotos no trabalho durante um ano porque empenou um joelho por excesso de peso (do seu próprio peso, não pensem que era do trabalho), digamos que já vi de tudo.
Cheguei até a ouvir uma outra (que mete baixa porque o marido é um irresponsável) a dizer que não sabia se este mês recebia o ordenado ou se ainda tinha de pagar, tantos foram os dias que faltou.

Por mais que eu consiga ser solidária com alguns dramas pessoais, sobrepõem-se o facto de que a remuneração dada a um FP é em função do seu trabalho, e não pode ser atribuído por caridade ou misericórdia. Nesses casos temos a Segurança Social que, coxa ou marreca, ainda é para isso que serve.

Agora, gentinha que mete baixa por causa de unhas arruinadas com fungos... gente que nem das pontas dos dedos precisa para trabalhar quando há tantas outras coisas para se fazer como, por exemplo, pensar em soluções para alguns problemas de funcionamento do serviço... A sério: para a rua já! 

Como todos os não FP's gostam de dizer: não quero que os meus impostos sirvam para pagar os ordenados destes chulos.

Eu não penso isto, claro! Que na Função Pública somos todos amigos e gostamos uns dos outros como de uma grande família que esconde cadáveres debaixo do tapete.





Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Segurança Social e a Sr.ª D.ª Joana vai com as outras




Anda a circular uma mensagem no Facebook, cuja veracidade não consegui apurar (encontrei a mesma mensagem em sites e blogs com datas muito variadas e zero fontes), de uma cidadã portuguesa que está indignadíssima com os Funcionário Públicos e com a Função Pública em geral. Ou funcionalismo público, como a própria lhe chama.
Como eu a compreendo minha amiga, como eu a compreendo. Posso chamá-la de minha amiga não posso?
Posso com certeza. Uma pessoa que me chama de merdosa, assim, logo à cabeça, é porque é minha amiga. Logo à cabeça é exagerar, ainda se aguentou uns cinco ou seis parágrafos.
Mas vamos com calma. Primeiro vamos lá ler a tal cartinha, supostamente, dirigida à Segurança Social pela Sr.ª D.ª Joana-vai-com-as-outras e depois vamos então espremer o assunto. 



"Exmo. Sr. Presidente do Conselho Directivo ARS Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro,

Venho por este meio, muito agradecer a carta recebida em nome da minha mãe, a avisá-la que há mais de 3 anos que não se apresenta em nenhuma unidade de saúde de cuidados primários da Administração Regional de Saúde, e por isso irá perder o direito ao médico de família.

Venho informá-lo que o motivo desta falta de comparência, nas unidades de saúde, deve-se ao facto de ela ter falecido há 7 ANOS !!! Já agora,faleceu num Hospital Público, imagino que você não tenha acesso a esses dados na posição que ocupa, o único motivo que me ocorre para não ter acesso a esses dados, é a sua incompetência e de todo o funcionalismo público que eu pago com os meus impostos !!!

CASO TENHA DÚVIDAS SOBRE O SEU FALECIMENTO, consulte as finanças e a segurança social (informadas 2 dias a seguir ao seu falecimento), tendo em conta que hoje em dia existe uma coisa chamada rede informática, não dará muito trabalho cruzar dados, mas como vocês não conhecem a palavra trabalho, só fazem figuras tristes como estas e fazem-nas com o meu dinheiro e sem qualquer tipo de qualidade e profissionalismo do trabalho que desempenham, não querem saber de nada nem de ninguém (esta carta inútil, desnecessária, de mau gosto, insensível e de incompetentes, foi paga com o meu dinheiro, e eu estou sinceramente farta de sustentar todos os otários que conseguiram um trabalho porque souberam "chupar" no sitio certo !!!).

Agradeço que comecem a trabalhar que é algo que eu faço desde os 17 anos. Nunca recebi um tostão do estado, nem quando a minha mãe esteve a morrer e a minha família deu o que tinha e não tinha para lhe proporcionar alguma qualidade, no momento que mais precisou, depois de ela própria ter descontado uma vida inteira. Porque vocês acharam que a pensão de miséria que ela tinha direito, por invalidez, chegava mais do que bem para tratar de alguém completamente acamado, aos cuidados de terceiros e em estado vegetativo !!! Muito obrigado por fazer a minha família reviver isto novamente !!! Já agora todos os cuidados pagámos nós de forma privada !!!

Tenho vergonha ao que este país chegou ! E são pessoas como o senhor que deveriam estar no desemprego, pois pelos vistos nem para cruzar listas de dados, o senhor tem capacidade !!!

Divulgo isto no Facebook, porque imagino que é onde passa o dia, e assim mais depressa lhe consigo transmitir a minha mensagem do que por uma carta registada !!!
Agradeço a toda a gente que divulgue isto, porque é para merdas como estas e merdosos como este senhor que todos os meses temos menos dinheiro para viver, é para estes incompetentes andarem a fingir que trabalham e a gastar mais uma vez, MAL, o nosso dinheiro, que nós todos os dias andamos a contar os cêntimos !!!!!!


Já agora o código de activação que envia na carta, para ela poder avisar que pretende ainda ser vista nas unidades de saúde, pode metê-lo num sítio onde o sol não entra, espero ter sido clara !!!"




Se fosse eu o FP que recebeu esta carta, teria respondido, parágrafo por parágrafo, assim:

"Exmo. Sr. Presidente do Conselho Directivo ARS Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro,

Cara Joana, acha mesmo que sou eu, Luís Cunha Ribeiro, quem lhe vai responder? E acha mesmo que fui eu quem lhe escreveu a carta que recebeu? E acha mesmo que há uma só pessoa que controla isto tudo e conhece todos os cantos e recantos à casa? Infelizmente a pessoa que neste momento lhe vai ter de responder é, muito provavelmente, alheia a esta situação e está completamente desorientada com o tipo de resposta que lhe há-de dar. Coitado deste FP por não o poder fazer nos mesmos termos em que a senhora o fez. Porque, vendo bem, isso ia-lhe parecer muito mal. Já viu o que era agora a Segurança Social responder-lhe pelo Facebook para todo o povo ver? Não ia ficar chocada por nem uma cartinha registada receber, em vez de ser enxovalhada em praça pública? Diga lá, a primeira coisa que ia pensar era que os seus impostos já nem para uma carta servem, não era?

Venho por este meio, muito agradecer a carta recebida em nome da minha mãe, a avisá-la que há mais de 3 anos que não se apresenta em nenhuma unidade de saúde de cuidados primários da Administração Regional de Saúde, e por isso irá perder o direito ao médico de família.


Se começarmos sem ironias talvez seja um melhor ponto de partida para eu a respeitar, que me diz? (Gosta da minha própria ironia em já ter sido irónico antes a senhora o ser?). Acha que a carta que recebeu, apesar de se tratar de um enorme e desagradável equívoco, foi redigida sob o manto do sarcasmo e malvadez? Acredita mesmo que as pessoas que trabalham neste serviço têm apenas a triste sina de existir para a perseguir e enxovalhar?

O primeiro conselho que lhe posso dar é que não deve personalizar isto. Acredite no que lhe digo, não são os indivíduos que estão mal, é o sistema. Sim, essa coisa abstracta que não faz a mínima ideia do que é, é que está mal, muito mesmo. E as pessoas que aqui trabalham, por mais que não acredite, são tão vítimas quanto a senhora.

Não há aqui um Funcionário Público que não seja cidadão, como a senhora. Todos nós precisamos de ir às finanças, à junta de freguesia, ao hospital, à segurança social e, pasme-se, também nós recebemos cartas como esta que, infelizmente, recepcionou. E nós, queixamo-nos a quem?

Venho informá-lo que o motivo desta falta de comparência, nas unidades de 
saúde, deve-se ao facto de ela ter falecido há 7 ANOS !!! Já agora,faleceu num Hospital Público, imagino que você não tenha acesso a esses dados na posição que ocupa, o único motivo que me ocorre para não ter acesso a esses dados, é a sua incompetência e de todo o funcionalismo público que eu pago 
com os meus impostos !!!

Vejo que anda enganada. Lamento que a sua mãe tenha falecido e que tal tenha ocorrido em ambiente hospitalar, em vez de estar no conforto do seu lar. Mas ainda bem que pode recorrer a um hospital público e não teve de ir desembolsar cinco ordenados e meio num hospital privado onde, com certeza, a assistência à sua mãe não teria sido melhor e o milagre da ressurreição também não seria feito. Ainda bem que não reclama dos serviços prestados pelo hospital e por todos os seus funcionários que, não por acaso, até são públicos. E, não raras vezes, muito mal pagos. Mas lá continuam, a fazer o melhor que podem e sabem com o ordenado que a senhora diz ajudar a pagar, tal como eles, como contribuintes que também são. E aproveito para lhe perguntar: se se dirigisse a um centro de saúde para obter um médico de família e lhe dissessem que não existe nenhum disponível, porque metade da lista de pacientes já faleceu mas continuam ali a fazer número, não ficava indignada?
Ou melhor: se tivessem retirado a sua mãe da lista de pacientes sem lhe dar sequer a oportunidade de dizer o que se lhe oferecesse, não ficaria também chateada "porque nem sequer me disseram nada!"? Vendo bem, isto é só falar mal por falar, e não lhe vejo nenhum comentário ou crítica construtiva que nos ajude a melhorar o serviço. Até aqui não estou a ver onde é que o "funcionalismo público" foi incompetente no serviço que lhe prestou. Espero ser surpreendido já a seguir.

CASO TENHA DÚVIDAS SOBRE O SEU FALECIMENTO, consulte as finanças e a segurança social (informadas 2 dias a seguir ao seu falecimento), tendo em conta que hoje em dia existe uma coisa chamada rede informática, não dará muito trabalho cruzar dados, mas como vocês não conhecem a palavra trabalho, só fazem figuras tristes como estas e fazem-nas com o meu dinheiro e sem qualquer tipo de qualidade e profissionalismo do trabalho que desempenham, não querem saber de nada nem de ninguém (esta carta inútil, desnecessária, de mau gosto, insensível e de incompetentes, foi paga com o meu dinheiro, e eu estou sinceramente farta de sustentar todos os otários que
conseguiram um trabalho porque souberam "chupar" no sitio certo !!!).


E pronto, descambou!
Compreendo que trabalhe num local com poucos funcionários. Compreendo, por isso, que desconheça o conceito de "ofícios ou minutas-tipo". Não nos tendo sido solicitado algo em particular, e tendo sido de nossa iniciativa contactar os pacientes, é prática comum e banalizada entre todos os países, até os dito civilizados, enviar ofícios com o mesmo texto para todos os cidadãos. Ou acha que vamos vasculhar e cruzar os dados informáticos de dez milhões de pessoas, uma a uma, para ver se não melindramos ninguém? Minha senhora, quando se lidam com milhões de pessoas, é assim que se faz, pareça mal ou bem. O que há são maneiras mais ou menos evoluídas e civilizadas de lidar com as situações. Creio que sabe onde se situa a sua. 
Não estamos a falar de uma gestão doméstica. Por isso a palavra "trabalho" é, de facto, diferente para nós e para si. Porque o nosso trabalho tem uma dimensão à qual não consegue chegar, nem com muito boa-vontade, que ainda por cima não a tem. Mais uma vez, creio que poderia ter sido mais construtiva e até educada na sua carta. Poderia, tão simplesmente, ter-nos poupado tempo a dar-lhe esta resposta, agora sim, personalizada, e ter ido directo ao assunto e referido que, face ao falecimento da sua mãe em data tal, considerava o ofício extemporâneo. E pronto. Simples assim. Está aborrecida por receber uma carta que demonstra desconhecimento de um falecimento ocorrido há sete anos, mas não consegue dizê-lo sem perder a razão.
Quanto aos insultos que se seguem, minha senhora, recomponha-se.
Vou começar pelo fim: Minha senhora, não chupei nada a ninguém. E digo-o assim sem aspas nem nada. Mas tenho muita pena. Se me tivesse sido dada a oportunidade de chupar um ou dois "ligueirões" (agora sim com aspas que é para não pensar que andamos a consumir bivalves à conta dos contribuintes), talvez estivesse mais bem posicionado na minha carreira. Por outro lado questiono-me: para o posto máximo no Estado, que é ser-se Presidente da República, o que será necessário chupar? É que para se chegar a Primeira Dama todos sabemos o que se chupa, agora para Presidente não estou a ver. Não sei se a minha amiga tem capacidade para perceber o que lhe estou a querer ilustrar com esta história do chupar mas vou deixá-la a pensar um bocadinho, em vez de lhe facilitar tudo.
Sobre a totalidade do seu raciocínio "estou sinceramente farta de sustentar todos os otários que conseguiram um trabalho porque souberam "chupar"", como eu a compreendo. Também estou farta de ser FP, chupado, e ver os outros a subirem à minha conta. Mas cada um colhe o que semeia. E este ano não tem sido bom de colheitas.

Agradeço que comecem a trabalhar que é algo que eu faço desde os 17 anos. Nunca recebi um tostão do estado, nem quando a minha mãe esteve a morrer e a minha família deu o que tinha e não tinha para lhe proporcionar alguma qualidade, no momento que mais precisou, depois de ela própria ter descontado uma vida inteira. Porque vocês acharam que a pensão de miséria que ela tinha direito, por invalidez, chegava mais do
que bem para tratar de alguém completamente acamado, aos cuidados de terceiros e em estado vegetativo !!! Muito obrigado por fazer a minha família reviver isto novamente !!! Já agora todos os cuidados pagámos nós de 
forma privada !!

Porque é que haveria de receber um tostão do estado? Trabalha no estado para ter de ser remunerada? É que tirando isso também nunca recebi um tostão do estado, muito pelo contrário. Quanto à assistência que prestou à sua mãe, creio que é o esperado de qualquer pessoa de bem. Não preciso nem vou ofendê-la quanto a isso.

Tenho vergonha ao que este país chegou ! E são pessoas como o senhor que deveriam estar no desemprego, pois pelos vistos nem para cruzar listas de dados, o senhor tem capacidade !!!

Santo Cristo! Tanto histerismo por causa de uma falha no cruzamento de dados, erro que, com certeza, nunca aconteceu em parte nenhuma do mundo, mesmo nos ditos países civilizados. O único comentário que me apraz fazer neste momento é este: Parabéns!
Parabéns por nunca ter cometido um erro na sua vida profissional. Quer vir trabalhar connosco e servir a nação portuguesa, que, nas suas palavras, tão vergonhosamente se encontra mal tratada por nós?
Em relação ao desemprego - que seria uma longa história - é redutor achar que merece estar no desemprego quem não sabe cruzar dados e que, como tal, o contrário é que seria válido. Pense lá bem nisso. Não seja tolinha e não ofenda as pessoas habilitadas e capacitadas que neste momento estão desempregadas.

Divulgo isto no Facebook, porque imagino que é onde passa o dia, e assim mais depressa lhe consigo transmitir a minha mensagem do que por uma carta registada !!!

Exactamente. Precisamente. Tem tempo para ir às redes sociais e já nem acredito que o tenha feito na sua hora de expediente, face à competência imaculada pela qual se rege. Que bom para si. Infelizmente, para mim claro, eu não tenho tempo nem permissão para ir a redes sociais. Nem dentro das horas de expediente, nem fora delas. Pensando bem, retiro-lhe o convite para vir trabalhar connosco.

Agradeço a toda a gente que divulgue isto, porque é para merdas como estas e merdosos como este senhor que todos os meses temos menos dinheiro para viver, é para estes incompetentes andarem a fingir que trabalham e a gastar mais uma vez, MAL, o nosso dinheiro, que nós todos os dias andamos a contar os cêntimos !!!!!!


Cá está: displasia da anca. Começou a baixar, perigosamente, o nível. Felizmente que a sua "carta" enviada pelo Facebook está a terminar. 
Pensando melhor, a Segurança Social vai começar a responder a todos os cidadãos através das redes sociais. Porque se por causa de uma carta enganada é que todos os portugueses têm menos dinheiro, então não seja por isso, acaba-se já com as cartas.
Agora repare: onde é que o facto de nós nos termos enganado no envio de uma carta à sua mãe, faz de nós, ou da função pública em geral, uns merdosos? Explique melhor. Tenho tempo. E sabe, realmente, qual a extensão de de serviços prestados por FP's? Sabe quantos amigos, conhecidos e familiares acabou de colocar no saco dos "incompetentes" com essa generalização?
E onde crê que nós "gastamos" o seu dinheiro? Nos nossos ordenados? Até ver o trabalho no Séc. XXI é remunerado com dinheiro, portanto, é com dinheiro que têm de pagar o meu trabalho que, goste-se ou não se goste, é trabalho. As nossas tabelas salariais, possivelmente ao contrário da sua, estão disponíveis na internet para quem quiser ver. Não é segredo. E até seria interessante tomar conhecimento delas e passar a ter ideia de quantos de nós auferem o ordenado mínimo. Acredite, o patrão privado que tem, ganha dez vezes mais que eu.


Já agora o código de activação que envia na carta, para ela poder avisar que pretende ainda ser vista nas unidades de saúde, pode metê-lo num sítio onde o sol não entra, espero ter sido clara !!!"


Falta de educação não faz parte do nosso modus operandi nem do nosso modus vivendi.
Mas mais uma vez parabéns: acabou-me com a paciência.



E agora, queridos e queridas, querem dizer-me o que pensam sobre isto?
Vá, mas sem tiros nem chibatadas, que somos todos gente civilizada e nascidos do mesmo pai.
E prometo não vos maçar com coisas tão longas quanto esta.





Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica



Redes Sociais e essas coisas todas onde os FP's passam a maior parte do tempo




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A Funcionária Púbica


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Mas para que é que é isto?



Ainda agora começou e já me perguntaram se isto é para falar bem, mal ou assim-assim.
Nem sei que vos diga queridos.
As intenções eram as melhores, eram estupendas, aliás. Só me tinha vindo à ideia que o meu local de trabalho tem episódios de tal maneira imperdíveis que eu os deveria registar para sempre.
Mas depois comecei a vasculhar as redes sociais e os jornais online e há imensas notícias sobre a Função Pública e os seus FP's mais queridos e notáveis. Efectivamente, somos seres surpreendentes com uma garra e sentido de dever para com o próximo de envergonhar qualquer escuteiro.
Encontrei cenas para lá de beras protagonizadas por nós, FP's, mas também encontrei muitos artigos onde o comum dos cidadãos se revolta contra isto da Função Pública e decide escrever para o mundo o que pensa (nem sempre da maneira mais eloquente). E ele há tesouros que não se devem perder.
Por isso, se me forem permitindo, vou publicando artigos, vou dando opiniões e, não me desviando do meu caminho, vou dando conta de alguns episódios deste local belo e fértil que é... a Função Pública.
Não me esperem doce, não me esperem simpática, vou ser aquilo que todos esperam que eu seja.
Sim, isso mesmo... uma senhora!



Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica


domingo, 18 de janeiro de 2015

A Funcionária Púbica



Olá, chamo-me Funcionária Púbica, mas podem tratar-me por FP que, assim como assim, é como me tratam a maior parte das vezes. Entre dentes e em discussões apaixonadas e acessas da opinião pública.
Tenho entre 20 e 120 anos e quando morrer já estou quase na idade da reforma. Penso muito nesse dia. Não na reforma, mas no dia em que vou morrer, que há-de vir antes.
Sou FP há tanto tempo que já nem me lembro há quantos estou neste serviço, mas dizem que é a profissão mais velha do mundo por isso já cá devo andar há muito. Só é pena que não seja remunerada em função dos anos da mais velha profissão, apesar de, não raras vezes, os serviços em troca serem idênticos.
Sou uma das beneficiadas e beneficiárias da ADSE mas daquela ADSE que se paga. Dizem que também há uma que não se paga (e só serve para beneficiar todos os FP's do mundo que vivem à conta dos contribuintes) mas essa eu não conheço.
Não tenho direito a progredir na carreira - porque quem é FP sê-lo-á toda a vida no mesmo sítio de onde partiu - e não recebo horas extraordinárias, nem aumentos, compensações, favores ou luvinhas. Ser FP é servir o outro sem olhar a estas minudências. É fazer sacrifícios por um bem maior. Também há quem lhe chame obrigação.
O meu vencimento é pago por todos os contribuintes e também é pago por mim mesma, que também sou contribuinte. Sinto-me completamente lisonjeada por poder pagar o meu próprio ordenado, é um privilégio dado a poucos.
Gosto muito do meu local de trabalho, somos todos uma família. Temos o pai que bate na mãe, a mãe que grita com a avó, o filho que viola meninas, a filha que que brinca com rapazes, o tio que bebe, a enteada que empalita o marido, a sogra com problemas de memória, os homens com crises de meia-idade e milhares de parentes afastados que não sabemos quem são, nem onde estão, mas que sabemos existir. Temos de tudo como numa família normal e desunida que somos. 
O nosso patrão é escolhido por uma nação inteira que, na hora de o escolher, nunca se lembra que uma das funções para o qual o está a contratar é para ser patrão de um terço da nação. E depois reclamam que o homem não é bom, que não sabe fazer a contabilidade doméstica, que só escolhe os piores para ocupar os melhores cargos, e por aí adiante. Pois claro que o homem não sabe. É o mesmo que ir a uma entrevista de emprego para padeiro mas elegerem-no para trolha. Vendo bem, não é bem a mesma coisa. Mas, no final do dia, cá estou eu, FP de coração, a receber ordens de um patrão que não conheço e não escolhi, a servir um ror de gente que o escolheu sem pensar em mim.

Sou Funcionária Púbica porque não arranjei mais nada.
Sou humorista nas horas vagas porque não tive alternativa.




Sempre pronta para vos servir,
A Funcionária Púbica